Foto: Carla Nascimento

As agências de turismo seguem em constante adaptação para se manterem relevantes e competitivas em um mercado cada vez mais digitalizado. Segundo Eduardo Silveira, presidente da Associação dos Profissionais de Turismo da Baixada Santista (APT), entender a função central dessas empresas é essencial para compreender seu papel estratégico no setor.

“Uma agência de viagens é, acima de tudo, uma consultoria especializada. Ela intermedeia a prestação de serviços entre o consumidor e diversos players do mercado, como operadoras, companhias aéreas e hotéis”, explica Silveira. “Não se trata apenas de vender um pacote. É um trabalho técnico, que exige conhecimento e responsabilidade jurídica.”

A Segurança como valor

Silveira chama atenção para a importância da segurança na contratação de serviços turísticos. Ele relembra o caso da empresa HUB, que deixou consumidores no prejuízo.

“Quem comprou direto com a HUB não teve a viagem nem o reembolso. Já quem comprou por meio de uma agência foi amparado legalmente. A agência responde juridicamente, com base no Código de Defesa do Consumidor”, alerta.

A APT, segundo ele, tem investido em ações para valorizar o papel das agências e conscientizar o público sobre os riscos de compras desassistidas.

“Nosso maior produto é o conhecimento. Isso ninguém tira da gente”, reforça.

Estratégias para reclassificação no mercado

Com o avanço das plataformas digitais, as agências precisaram se reinventar. Uma das estratégias adotadas tem sido a especialização em nichos.

“Hoje, temos agências voltadas para grupos da melhor idade, viagens femininas, cruzeiros temáticos. Esse tipo de segmentação ajudou muitos empresários a se reposicionarem no mercado”, afirma Silveira.

Além disso, a consultoria pré-viagem continua sendo um diferencial.

“O cliente precisa saber quais documentos levar, que vacinas tomar, quais são os costumes locais. Esse tipo de informação não se acha em qualquer site”, explica.

Fugindo da mesmice: Experiências Imersivas

Questionado sobre o que significa inovar sem perder a essência, o presidente da APT aponta para a busca por experiências autênticas.

“Há quem prefira conhecer uma tribo indígena ou vivenciar o dia a dia de uma comunidade rural. Esse tipo de experiência, que foge dos roteiros tradicionais, cresceu bastante no pós-pandemia”, analisa. “Tempo não é o que você conta, mas o que você sente.”

Atualização constante e fidelização

A oferta de passeios novos também tem influência direta na fidelização dos clientes.

“A maioria viaja em busca de conexões – com pessoas, com lugares. Às vezes, a fidelidade vem mais do acolhimento do que do destino em si”, pontua Eduardo Silveira.

Sustentabilidade e experiências: tendência ou realidade?

Embora o turismo de experiência ainda seja uma novidade para muitos brasileiros, a busca por vivências diferenciadas cresce a cada ano. Eduardo Silveira vê um futuro promissor para essas iniciativas, mesmo com desafios de custo e logística.

“Essas viagens são mais caras e menos acessíveis, mas o turismo sustentável já é uma realidade consolidada em muitas regiões do país”, afirma.

Tecnologia: um apoio, não uma substituição

Sobre o impacto da tecnologia, Silveira é categórico:

“Ainda estamos longe de uma verdadeira interatividade digital nas viagens. A experiência presencial, como provar uma comida ou sentir a brisa do mar, é insubstituível”, diz. “Mas sim, aplicativos de transporte e outras ferramentas já fazem parte do nosso dia a dia.”

Capacitação: O coração da inovação

O presidente da APT ressalta a importância da formação contínua dos profissionais do setor.

“Tudo muda o tempo todo. Por isso, a capacitação precisa estar presente no cotidiano. O diferencial das agências será, cada vez mais, o conhecimento – técnico e humano.”

Marketing Digital como ferramenta estratégica

As redes sociais e o marketing digital têm desempenhado papel fundamental na promoção de novos destinos.

“O turismo talvez seja um dos segmentos mais impactados pelas mídias digitais. No entanto, uma foto bonita pode esconder muitos perrengues. Por isso, o suporte de uma agência continua sendo essencial”, observa o presidente da APT.

Valorização da cultura local

Por fim, Eduardo destaca a crescente valorização dos aspectos culturais e identitários nas experiências turísticas.

“Muitos destinos têm ressignificado o turismo histórico-cultural, promovendo a cultura popular, crenças locais e até personagens históricos. É um caminho promissor, que fortalece o turismo de base comunitária”, conclui Silveira.

Redação Fatos Fontes

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